Festividade de São Sebastião
A Festividade de São Sebastião – 165ª este ano – tem sua origem na ”Festa do Santo” que, por volta de 1846, o Sr. Manoel Moraes Nunes, proprietário do sítio hoje patrimônio da paróquia, fazia anualmente, no dia 20 de janeiro, em louvor de sua pequena imagem de São Sebastião de 21cm (ainda hoje existente na sacristia do Santuário), em uma das salas de sua casa – transformada em Capela do Santo. A missa era celebrada pelo Pe. Policarpo José Rodrigues, Vigário da vila de Oeiras, mais tarde Araticu e hoje Oeiras do Pará. É fácil acreditar que, como era comum no interiorano, simples, humilde, até por volta dos anos 80, após a missa, o Sr. Manoel Moraes Nunes, feliz da vida, servia o almoço para todos os presentes – talvez dez famílias – para isso matando na véspera o capado (porco) cevado do Santo.
Pela escassez de registros escritos conhecidos, não temos ligação entre a “Festa do Santo” e a festividade de São Sebastião, mas sabe-se que, em 1854/1855, o Sr. Manoel Moraes Nunes doa suas terras a São Sebastião; que, nesse mesmo ano, é fundada a Irmandade de São Sebastião e é construída a Igreja Matriz; que, em 23 de outubro de 1860, ou 67, Dom Macedo Costa, Arcebispo de Belém, cria a Paróquia de São Sebastião, que tem em 1868, temos o primeiro Vigário, Pe. Matues Augusto da Silva Franco o que no diz que, mesmo com desaparecimento de Manoel Moraes Nunes(?), a “Festa do Santo” continuou, passando a Festividade de São Sebastião.
Tem-se como certo que já em 1950; a Festividade era feita em moldes muito próximo do atual, tendo à sua frente em paroquiano, de expressão local, que era o Presidente da Festa. Até boa parte desse período, o leilão da Festa, com música ao vivo, acontecia na “Barraca do Santo”. Esta, de pau roliço e coberta de palha, era construída anualmente, ao lado da Igreja Matriz, e que, se fosse construída também este ano, ficaria à frente da travessa Manoel Peres.
Logo após 1965, isto é, após o Concilio Vaticano II, com o surgimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), estas são chamadas a assumir a Festividade, ainda com a figura do Presidente da Festa. Hoje, sem a figura do presidente, temos uma Coordenação Central, escolhida em meados do mês de agosto, dentre os comunitários que doam os seus serviço, e várias comissões que, apoiadas nas mesmas CEBs e no povo católico em geral, a cada ano – gratuitamente – mais se emprenham na realização da Festividade de São Sebastião.
A Festividade do glorioso, São Sebastião ocorre hoje da seguinte forma:
A Paróquia de São Sebastião da Boa Vista, as comunidades católicas da cidade e do interior, assim como, algumas entidades locais e de outros municípios, se reúnem meses antes da festividade, para traçar metas e distribuir responsabilidades entre a comunidade católica boa-vistenses.
Então são organizados os grupos que coordenaram as noites, tanto na parte litúrgica (Missa) como a parte social (festiva). E após serem selecionados os dias das comunidades, cada grupo tem por obrigação, Conduzir juntos aos Párocos, a Missa e também programar a parte social.
A missa ocorre sempre a noite as 19:30 horas geralmente com apresentações variadas de acordo com a criatividade de cada organização da noite. A Celebração acaba geralmente no horário de 21:00 horas; dando inicio a parte social, no Centro Comunitário, onde ocorrem bingos, leilões, apresentações culturais, show de bandas locais e de outros municípios, vendas de comidas típicas e outros. O dia mais esperado é o dia 20 de Janeiro, onde ocorre à procissão de São Sebastião pela manhã e a festividade acontece o dia todo.
Resumo da Vida de São Sebastião
Há divergências entre os historiadores quanto ao lugar onde teria nascido São Sebastião, por volta do ano 250: Narbona, na França? Ou Milão, na Itália? O certo é que, ainda, Sebastião já residia com a família em Milão, onde seu pai veio a falecer. Fica então com mãe, cristã, que o educa segundo o Evangelho.
Com o intuito de ajudar os irmãos de fé – perseguidos e encarcerados, São Sebastião alistou-se no Exército Romano, no tempo do Imperador Carino (ano 283) chegando a oficial responsável pela guarda do imperador e de sua família. Na época, alguns cristãos condenados à morte pareciam querer renegar a fé – dentre eles, Marcos e Marceliano. Vendo isso, São Sebastião interveio, falando-lhes com um ardor que os tocou profundamente e em decorrência converteram-se. Zoé, a quem São Sebastião restituirá a fala – perdida há seis anos, – Nicóstrato, seu marido; o carcereiro Cláudio e mais dezesseis prisioneiros, que foram batizados pelo sacerdote Policarpo.
A Carino sucedeu Diocleciano (ano 284), que fez recrudescer a perseguição contra os cristãos, baixando um decreto que estabelecia:“Sejam invadidas todas as igrejas. Sejam aprisionados todos os cristãos. Corte-se a cabeça de quem se reunir para celebrar o culto. Sejam torturados os suspeitos de serem cristãos. Queimem-se os livros sagrados em praça pública. Os bens da Igreja sejam confiscados e vendidos em leilão”.
Cristão ardoroso, naquela situação em que se encontrava a Igreja do Mestre, Sebastião, ocultamente, ajudava os irmãos presos e condenados à morte, a quem pregava a confiança em Cristo.
Preocupado com a ousadia de Sebastião, o Papa São Caio (283-296) – 27º sucessor de Pedro Apóstolo – o aconselha a deixar Roma, mas Sebastião se negou a sair.
Denunciado às autoridades por seu trabalho em favor dos cristãos, foi preso e forçado a renegar sua fé, o que, entretanto – e com firmeza e caráter – recusou fazer. Por isso, foi afastado do exército e entregue aos carrascos fiéis ao Imperador.
Sebastião foi humilhado, despido e amarrado a uma árvore nos arredores da cidade e alvejado por flechas de arqueiros chamados da Mauritânia, e deixado como morto.
Ainda com vida, Sebastião foi socorrido por uma piedosa cristã, viúva, de nome Irene, que o acolheu em sua casa e cuidou dele, até a sua recuperação.
Recuperado, o jovem Sebastião, movido por um forte amor a Cristo e aos irmãos, procurou o Imperador para reprovar a brutalidade que praticava contra pessoas inocentes. Diante de tamanho atrevimento, Diocleciano o condenou à morte, pela segunda vez, desta feita, sob os tormentos de pauladas, flechadas e boladas, em 20 de janeiro de 288.
Ao renunciar a própria vida pela fé, Sebastião transformou-se num dos grandes heróis e mártires do cristianismo. Ganhou do Papa Caio o título de Defensor Glorioso da Igreja de Cristo. Os cristãos de sua época passaram a venerá-lo como exemplo de coragem e amor ao próximo. Deram ao homem de sobre nome desconhecido um título digno de seus feitos. E ele passou a ser chamado de São Sebastião.
Oração a São Sebastião
Ó glorioso mártir São Sebastião, nosso padroeiro e defensor, vôs que derramastes o vosso sangue e destes a vossa vida em testemunho da fé em Jesus Cristo, alcançai-me a graça de sempre vencer os que tentam contra a minha vida e minha alma; defendei-me com a vossa poderosa intercessão junto ao Pai Celestial. Livrai-me de todos os males, da peste, da fome, da guerra. Livrai-me também dos males morais, que precipitam no inferno tantas almas.
Fazei que os ímpios e aqueles que têm a desgraça de ser instrumento do mal se convertam. Que o justo persevere que a fé se propague, que surja mais vocações sacerdotais e religiosas no Marajó e no mundo; que a caridade triunfe entre nós.
Ó São Sebastião, rogai por nós, e fazei que imitemos as vossas virtudes, para o bem da igreja e a maior glória de Deus, nosso Pai. Amém.
Hino a São Sebastião
- Cantemos todos alegre/pela glória de São Sebastião./Seu sangue derramado por Cristo/do céu mereceu seu amor ao cristãos.//Refrão: Pela fé convosco lutaremos/pela Paz, Justiça e Amor/vosso poder inovaremos/junto de cristo que é libertador.//
- Ao tirano saber perdoar/das torturas vence o horror/sorrindo, ao céu ergue o olhar:/Pai-implora-dá-lhe o amor.//
- Corre o sangue do corpo sagrado/morre o Santo, em Cristo cresce o amor/os cristãos não temem as torturas/e desafiam o cruel Imperador.
- Aos governantes enviai vossa luz/aos poderosos dai a mansidão/aos pecadores o arrependimento/ó glorioso São Sebastião.//
- Virgem Santa, Rainha e Mãe/por vosso amado Santo Protetor/em vossos braços um dia nos reúna/para cantarmos o eterno louvor.